Apresentação





Coleção de Memórias de Canudos é uma exposição virtual de registros fotográficos e audiovisuais que surgiu a partir da pesquisa de mestrado da arquiteta e urbanista Dila Reis Mendes em parceria com o Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC). A exposição do acervo pessoal de Dila Reis em conjunto com o acervo institucional do IPMC busca valorizar e ampliar os movimentos de preservação e difusão da memória canudense, bem como promover um encontro entre o acervo apresentado e todos aqueles que queiram conhecer mais sobre esse pedaço tão importante da Bahia e do Brasil.

A pesquisa de Dila Reis resultou em uma dissertação de mestrado intitulada “O chão e as águas: memórias de uma cidade sertaneja”, defendida em setembro de 2020 e que versa, dentre outras coisas, sobre os processos de inundação e reaparição das ruínas da antiga cidade de Canudos e sua relação com as memórias e narrativas que esses eventos provocam nos habitantes da Canudos atual. Tratou-se de uma investigação multidisciplinar que buscou compreender os caminhos das memórias a partir dos relatos dos diversos canudenses entrevistados ao longo do desenvolvimento da pesquisa. É um trabalho que valoriza as vozes locais e reforça a importância da oralidade, da identidade e, sobretudo, da memória.

A parceria de Dila com o IPMC já aconteceu nos primeiros passos de sua pesquisa de mestrado e ganhou força com a construção conjunta desta exposição virtual, que une o acervo histórico do Instituto com os registros recentes da pesquisadora. É uma iniciativa que nasce de uma experiência acadêmica e institucional, mas se destina ao público em geral — a exposição busca estimular os desdobramentos de produções acadêmicas para além da comunidade científica, e busca, também, aproximar as vozes locais a escutas diversas, promovendo uma coletivização de acervos e de diálogos. Trata-se, sobretudo, de um espaço virtual organizado, que usa a potência da imagem e da palavra como convite a mergulhos dirigidos pelo próprio público.

A exposição é composta por oito salas: Reminiscências; Conselheirismo; Cartazes das Romarias; Romarias; Açude Cocorobó; Ser-tão e Gente. É importante dizer que esses temas não são uma síntese representativa de Canudos, mas sim um recorte inicial do nosso acervo (que certamente irá se expandir a partir desta iniciativa, ganhando novas salas e horizontes!). Em cada sala, o público irá encontrar um misto de registros fotográficos e audiovisuais, costurados pelas vozes e relatos dos próprios canudenses — recortes das entrevistas concedidas a Dila Reis na ocasião de sua pesquisa e também do próprio acervo do IPMC.

As vozes de Canudos revelam uma cidade que questionou o lugar do latifúndio, que ousou imaginar e construir outras formas de existência, que convidou seu próprio país a olhar pra dentro, para o sertão. Por meio desses relatos podemos perceber que as disputas continuam, que o Estado segue impondo sua violência como há 120 anos atrás, que as inundações seguem acontecendo, mas as reaparições também. As ruínas da cidade ainda resistem e se revelam de tempos em tempos com as secas, provocando memórias e mobilizando as subjetividades daqueles que seguem contando e recontando as histórias dessa terra.

Considerando, então, tudo aquilo que as memórias podem revelar e mobilizar, nasceu o desejo de reuni-las e articulá-las nesta exposição, que contou com a curadoria do historiador canudense João Batista, do presidente do IPMC Vanderlei Leite e da soteropolitana Dila Reis. Neste espaço virtual, se pretende provocar a subjetividade, a afetividade, a natureza social e o pensamento crítico de olhares curiosos, simpatizantes ou mesmo científicos sobre a história de Canudos e sua gente. Desejamos a todos um mergulho frutífero nos registros e memórias aqui apresentados! Sejam muito bem vindos!

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Apresentação, 2021
Vozes Canudenses: Dona L., João Ferreira, José Américo Amorim
Montagem: Dila Reis
Imagens: Dila Reis e Instituto Popular Memorial de Canudos
Da coleção de: Dila Reis e Instituto Popular e Memorial de Canudos

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Comentários

  1. Que trabalho lindo, simplesmente maravilhoso. Parabéns Dila pelo olhar, pela sensibilidade, cada captura e cada fala são obras de arte. Parabéns ao povo de Canudos! Canudos é vida, Canudos é luta! O sertão vive.

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    1. Obrigada, Carlos, por esse retorno generoso! Canudos e o sertão vivem!

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  2. Parabéns, Dila! Trabalho lindo e necessário. Que as memórias das insugêncais e resistências sejam preservadas para que possam iluminar novos caminhos! Gratidão por isto!

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  3. As narrativas do povo de Canudos nao podem serem esquecidas.

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  4. Que trabalho primoroso! Imagens tocantes e sensíveis, depoimentos belíssimos, vozes fortes, contundentes e, ao mesmo tempo, transbordantes de poesia! Sim, indiscutivelmente estamos diante de "figuras maravilhosas, guerreiras, filhos da luta" e de uma história indelével, por estas narrativas de coragem que atravessam as gerações e os tempos e também pelas ruínas que ressurgem e assim se insurgem! Referências admiráveis e imprescindíveis de sabedoria e resistência, que precisamos conhecer, aprender e seguir! Que riqueza de legado este! Canudos se alarga, se expande e adentra em nós! Viva Canudos!

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    1. Muito obrigada pelo depoimento generoso! Canudos vive!

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  5. Dila, que trabalho precioso! Lindos textos , lindas imagens! Registro necessário! Memória... Sertão velho, sem porteira!

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  6. Que trabalho maravilhoso! Parabéns a todos os envolvidos neste magnífico trabalho. O tema é contagiante.

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  7. Trabalho precioso como documento histórico e arte. Maravilhiso.

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